Tecnologia é usada em diferentes aplicações cotidianas, como produção de imagens e muito mais; confira quem criou a inteligência artificial, quando surgiu e como funciona
Inteligência artificial (IA) é uma tecnologia programada para simular a inteligência humana e, assim, ter algum nível de autonomia para tomar decisões e resolver problemas lógicos. Mas quem criou a inteligência artificial? A ideia de uma máquina que “pensa” nasceu com o matemático e criptógrafo Alan Turing, em 1950, e só evoluiu desde então. Hoje, a tecnologia já não é mais algo distante e faz parte do nosso dia a dia, estando presente em algoritmos de redes sociais, em assistentes de voz como Siri e Alexa e até mesmo no reconhecimento facial do seu celular. Além disso, as IAs vêm conquistando cada vez mais o interesse do público, principalmente devido à ascensão de ferramentas como DALL-E 2 e ChatGPT.
Os avanços e a popularização da tecnologia, contudo, também trazem algumas questões controversas. Isso porque elas têm potencial, entre outras coisas, para contribuir com a disseminação de preconceitos e de informações enganosas. Existem inteligências artificiais que criam imagens e textos, por exemplo. Além disso, ferramentas com IA já estão sendo utilizadas para a aplicação de golpes virtuais. Nas linhas a seguir, entenda o que é uma inteligência artificial, como a tecnologia surgiu, quem criou e como funciona.
O que significa inteligência artificial? Veja o guia completo!
O TechTudo reuniu seis tópicos essenciais para quem saber tudo sobre inteligência artificial (IA). A seguir, confira os assuntos que serão abordados nesta lista.
O que é inteligência artificial?
- Como surgiu e quem criou a inteligência artificial?
- Como funciona a inteligência artificial?
- Quais são os tipos de inteligência artificial?
- Onde podemos encontrar inteligência artificial no dia a dia? Veja exemplos
- Polêmicas, limitações e questões éticas: a IA vai roubar o seu emprego?
1 – O que é inteligência artificial?
Inteligência artificial é uma tecnologia que permite criar máquinas e sistemas computacionais cujo funcionamento tem alguma autonomia, já que simula o comportamento humano. Em geral, a IA é treinada por meio da absorção de uma grande quantidade de dados, a partir dos quais ela busca por padrões e associações. Essas informações são processadas para que consigam “prever” eventos futuros e, assim, possam tomar decisões.
A vantagem da inteligência artificial sobre um trabalhador comum é o volume de dados que ela consegue avaliar e processar em um curto espaço de tempo. Softwares com IA conseguem absorver informações 365 dias por ano, 24 horas por dia, sem pausas para comer ou dormir – o que, obviamente, supera a capacidade humana de aprendizado.
A inteligência artificial já está presente em vários segmentos da sociedade, como medicina, transporte, economia, educação e mais. Alguns exemplos de softwares que usam a tecnologia e que estão em alta no momento são o DALL-E 2 — inteligência artificial que cria imagens e chatbot que usa IA para realizar tarefas por escrito, respectivamente. As assistentes de voz como Siri e Alexa, e os algoritmos de recomendações de conteúdos, vistos em redes sociais e plataformas de streamings, também estão entre os exemplos de uso de IAs no dia a dia.
2 – Como surgiu e quem criou a inteligência artificial?
A ideia de uma máquina que “pensa” nasceu com o matemático e criptógrafo Alan Turing, mas a linha do tempo das inteligências artificiais é um tanto complexa. O estudioso ficou conhecido pelo Teste de Turing, um exame desenvolvido em 1950 e que pretendia descobrir se um computador conseguiria demonstrar a mesma inteligência de uma pessoa. No entanto, o termo “Inteligência Artificial” apareceu apenas em 1956 com John McCarthy, quando o cientista estadunidense inventou a linguagem de programação Lisp — que abriria as portas para o desenvolvimento da IA.
No mesmo ano, os pesquisadores Allen Newell, JC Shaw e Herbert Simon criaram o Logic Theorist, considerado por muitos o primeiro software de inteligência artificial em execução. Ele foi desenvolvido para imitar os processos cerebrais de matemáticos humanos para provar teoremas da matemática.
Já em 1967, Frank Rosenblatt construiu o Mark 1 Perceptron, o primeiro computador baseado em uma rede neural e com aprendizado por tentativa e erro. Mais tarde, na década de 1980, outros softwares foram desenvolvidos para a área corporativa, com algoritmos auxiliando o mercado de ações e negociações. Poucos anos depois, na metade dos anos 90, a Internet comercial se expandiu, e as empresas começaram criar sistemas de navegação e indexação com IA, como o protótipo do Google.
Em 1997, outro grande marco se destacou na linha do tempo das IAs: uma máquina derrotou um atleta profissional em um jogo de xadrez. O campeão soviético Garry Kasparov foi derrotado pelo computador Deep Blue, da IBM. A máquina usava um método para análise de probabilidades, previsão de respostas e sugestões dos melhores movimentos.
O início dos anos 2000 também foi marcado por novidades como o iRobot, um assistente de limpeza autônomo, e o Big Dog, um robô em formato de cavalo que conseguia carregar grandes cargas e reagir a movimentos e obstáculos externos. Em 2005, os estudos sobre carros autônomos se iniciaram e, em 2008, o processamento de linguagem natural permitiu que o Google lançasse a função de reconhecimento de voz — que, posteriormente, seria utilizada em assistentes como Siri, Google Assistente, Cortana e Alexa.
Já em 2011 a IBM lançou o Watson, um supercomputador e plataforma de inteligência artificial com computação cognitiva na nuvem. O dispositivo logo passou a ser utilizado em sistemas de reconhecimento visual, os quais permitem identificar um indivíduo por meio de câmeras de segurança. Na medicina, o software também auxiliou a descobrir a relação entre genes, proteínas e medicamentos por meio da análise rápida de milhões de artigos científicos, livros e patentes.
Hoje, ferramentas com inteligência artificial estão presentes em diversos aspectos de nossas rotinas. A IA está, por exemplo, nos algoritmos do YouTube e do Instagram, que recomendam conteúdos para os usuários, em dispositivos com reconhecimento facial e até nos mecanismos de busca do Google. Além disso, softwares como ChatGPT, DALL-E 2 e ChatSonic estão em alta, o que deixou o público ainda mais curioso pelas possibilidades das inteligências artificiais.
3 – Como funciona a inteligência artificial?
A inteligência artificial é capaz de “aprender” devido às instruções presentes no código do seu programa, ou seja, são os algoritmos que determinam os conhecimentos que a IA deve ou não adquirir. A tecnologia é exposta a milhares de padrões para que consiga reconhecer elementos e, assim, lidar com diferentes situações com autonomia. No caso de uma IA que joga xadrez, por exemplo, ela será exposta a inúmeros dados de partidas, jogadas e e resultados para que consiga pensar “como um humano” e decidir qual peça mover.
Em outras palavras, a capacidade de “pensar” é definida pela velocidade de análise de dados e pela programação dos algoritmos. Dentro desse processo, há dois tipos de aprendizagem: o machine learning (aprendizado de máquina) e o deep learning (aprendizado profundo). O aprendizado de máquina adquire conhecimentos por meio da coleta, da organização e da categorização de um conjunto de dados. Com ele, a IA consegue interpretar as informações para tomar decisões e executar tarefas de forma automática e autônoma.
O aprendizado profundo, por outro lado, é um avanço do aprendizado de máquina, já que essa tecnologia simula as redes neurais em um processo semelhante ao da inteligência humana. Nesse formato, o sistema consegue hierarquizar e compreender as informações de forma mais complexa e aprofundada. Com ele, a IA é capaz de aprender sem a necessidade de tanta interferência humana e reconhecer de forma mais assertiva imagens e falas.
4 – Quais são os tipos de inteligência artificial?
É possível classificar as inteligências artificiais em três tipos: inteligência artificial estreita (ANI), inteligência geral artificial (AGI) e superinteligência artificial (ASI). Além dessa classificação nominal, elas também são divididas entre os grupos “IA fraca” e “IA forte”. No campo da IA fraca, a representante é a inteligência artificial estreita (ANI). Esse tipo de IA se refere a sistemas treinados para cumprir uma única tarefa específica, como pilotar um veículo, pesquisar na Internet ou jogar xadrez.
Já no que se refere à IA forte, há a inteligência geral artificial (AGI) e a superinteligência artificial (ASI). A AGI é focada em simular a inteligência humana, com capacidade de resolver várias tarefas diferentes, tomar decisões, resolver problemas e planejar o futuro. Ela também é capaz de adquirir conhecimentos a partir de experiências e entender estímulos diretos e indiretos — ou seja, reconhecer e distinguir elementos mais subjetivos, como a diferença entre um rosto feliz ou triste.
Já a ASI tem como foco superar a capacidade de inteligência do cérebro humano. A superinteligência artificial é uma tecnologia ainda em desenvolvimento no mundo científico e, com ela, seria possível resolver cálculos complexos e humanamente impossíveis .
5 – Onde podemos encontrar inteligência artificial no dia a dia?
Veja exemplos
Há diversos exemplos de inteligências artificiais em nosso dia a dia. Os mais comuns incluem assistentes de voz como Alexa e Siri, algoritmos de redes sociais, ferramentas de reconhecimento facial como Face ID, entre outros. O próprio corretor automático do celular é um tipo de IA, já que ele é capaz de identificar erros, sugerir a grafia correta e prever o que o usuário irá escrever a partir dos dados com os quais foi treinado.
Em relação aos algoritmos de redes sociais e streamings, a tecnologia é desenvolvida com o intuito de fazer recomendações assertivas para consumo de conteúdo. O sistema “aprende” quais são as preferências do usuário por meio das interações que ele faz — quais postagens a pessoa curte, quanto tempo ela passa vendo determinado tipo de conteúdo etc. A partir desse aprendizado, o algoritmo de plataformas como YouTube, Instagram, Facebook, Spotify e Netflix é capaz de recomendar conteúdos que agradam e prendem a atenção do usuário.
Outro exemplo comum de IA é o reconhecimento facial, que utiliza o rosto do usuário para desbloquear smartphones ou outros aparelhos. O sistema analisa milhares de pontos na imagem e gera um “mapa” em profundidade da face, o que permite a ele se adaptar a diferentes tipos de ambientes. Assim, a IA consegue identificar o rosto mesmo que esteja em locais mais claros ou mais escuros ou se houver acessórios como chapéus ou óculos.
6 – Polêmicas, limitações e questões éticas: a IA vai roubar o seu emprego?
Apesar do avanço tecnológico e das inúmeras aplicações úteis da inteligência artificial, o desenvolvimento da tecnologia também traz algumas questões controversas. Como diversas IAs são treinadas a partir de dados gerados por humanos, a reprodução de preconceitos étnicos, de gênero e ou de classe podem ser repassados para as ferramentas e sistemas desenvolvidos.
Um exemplo é o caso do software de recrutamento da Amazon, que discriminava mulheres. A ferramenta criada em 2014 analisava os currículos recebidos pela empresa e gerava uma nota de uma (1) a cinco (5) estrelas para cada um. No entanto, o mecanismo de aprendizado da IA era baseado, em grande parte, em padrões de currículos masculinos, o que fazia com que mulheres fossem desclassificadas com mais facilidade.
Além disso, as recomendações das IAs em serviços de streaming também podem ser tendenciosas. Isso porque a base de aprendizado da inteligência artificial pode priorizar conteúdos com mais views e cliques, a depender das preferências e localização do usuário.
Outro aspecto controverso das IAs, sobretudo os modelos de linguagem, é o risco de disseminação de informação falsas. O ChatGPT, por exemplo, é capaz de gerar textos fidedignos à escrita humana e com aparente coerência e coesão, mas nem sempre apresenta as respostas corretas. Isso pode ser um problema se o chatbot for usado como mecanismo de busca pelos usuários.
Um outro debate que surge com o avanço das inteligências artificiais generativas é a desvalorização dos profissionais da indústria criativa. Tecnologias como DALL-E 2, Midjourney e ChatGPT já estão sendo incorporadas ao processo de trabalho de diversos trabalhadores e artistas, que temem uma possível substituição de seus postos pelos softwares.
Há ainda a questão dos direitos autorais. Como as IAs generativas conseguem reproduzir estilos de artistas e autores e recriar variações deles, isso abre margem para questionamentos sobre a autoria dos trabalhos. Afinal, elas pertencem aos autores das obras que foram usadas para treinamento, ao usuário que deu o comando para a geração do conteúdo ou à própria plataforma? Especialistas em Direito Autoral divergem sobre o assunto, já que a lei ainda não contempla essa questão.
Por fim, mas não menos importante, a inteligência artificial pode ser uma ferramenta eficaz para as operações do cibercrime. Já há casos de criminosos usando o ChatGPT para gerar códigos maliciosos a partir de poucos comandos, por exemplo. Um outro tipo de uso é na geração de vídeos ou áudios deepfake, quando um rosto é trocado ou uma voz falsa “imita” a voz de alguém. Essa tecnologia pode ser utilizada em sequestros falsos ou na disseminação de fake news.
Por Flávia Fernandes, para o TechTudo – 03/03/2023 00h00 Atualizado há 3 meses